Aparelho
trata a surdez, mas afeta a aprendizagem, diz pesquisa americana
efeito adverso foi constatado em crianças que usam implante
coclear
Publicado em: 15/09/2014
Fonte:
htthttp://www.correiobraziliense.com.br/ > Flávia
Franco
Colocado no crânio, o implante coclear permite que pessoas com
surdez profunda consigam escutar por meio de estímulos elétricos
enviados aos nervos auditivos. Com o benefício chancelado por
cientistas, porém, vem o risco de perdas cognitivas. É o que mostra
um estudo recente da Universidade de Indiana (EUA). Pesquisadores
afirmam que, comparadas às crianças com audição normal, aquelas que
têm o dispositivo apresentam até cinco vezes mais chances de sofrer
com falhas de memória, atenção, planejamento e aprendizagem
conceitual.
Publicado no Journal of the American Medical Association
Otolaryngology, o estudo, o primeiro a realizar esse tipo de
comparação, avaliou 73 crianças e adolescentes que colocaram o
implante antes dos 7 anos e 78 sem problemas auditivos. Todos os
participantes apresentavam QI (coeficiente de inteligência) mediano
ou acima da média. O objetivo era determinar os possíveis riscos de
deficits no funcionamento e na execução de comportamentos do dia a
dia.
Isso porque atrasos cognitivos são, de acordo William G.
Kronenberger, líder da pesquisa, normalmente relatados pelos pais ou
por pessoas que trabalham diretamente com meninos e meninas que têm
o implante coclear. “Na nossa pesquisa, entre um terço e metade das
crianças com o dispositivo apresentaram perdas cognitivas, como de
memória, atenção e planejamento.”
Os participantes do experimento foram divididos em dois grupos: em
idade pré-escolar, de 3 a 5 anos, e em idade escolar, de 7 a 17
anos. Partindo de uma escala determinada pelos pesquisadores, os
pais avaliaram o desempenho na execução de funções rotineiras dos
filhos. Os resultados indicaram que as crianças pré-escolares que
tinham colocado o implante com em média 18 meses de vida
apresentaram menos perda cognitiva do que aquelas em idade escolar e
que foram submetidas à cirurgia para receber o dispositivo cerca de
10 meses depois.
“Nas áreas críticas de atenção controlada, memória, planejamento e
solução de problemas, cerca de 30% a 45% dos participantes com
implante coclear marcaram acima do valor de corte. Já, no caso
daqueles com audição normal, cerca de 15% ou menos apresentaram os
mesmos problemas”, detalha Kronenberger.
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