Fonte:
http://www.pbagora.com.br/ > Brasil Post
O Conselho Federal de Medicina (CFM)
está em via de autorizar médicos de todo o país a prescreverem o uso
de canabidiol, substância derivada da maconha, para tratar doenças
graves. A expectativa, segundo a Agência Brasil, é que a proposta de
liberação do canabidiol para "uso compassivo" seja discutida na
próxima reunião do CFM.
"Qualquer procedimento clínico precisa ser autorizado pelo CFM. O
que o CFM vai fazer é autorizar o uso compassivo para situações
extremas, emergenciais, nas quais médico e paciente (ou os
responsáveis por ele) discutem os benefícios e os riscos. Se
estiverem de acordo, assinam um termo de consentimento e de
responsabilidade", afirmou Frederico Garcia, membro do CFM à Agência
Brasil.
Estudos científicos indicam que o canabidiol tem potencial
terapêutico para tratar doenças como Alzheimer, esquizofrenia,
Parkinson, esclerose múltipla e convulsões.
Em agosto, a USP anunciou que fará testes em voluntários para
estudar efeitos do canabidiol no sono.
A falta de uma normatização por parte do CFM dificulta que pessoas
com doenças graves obtenham uma receita médica para pleitear na
Anvisa(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorização para
importar medicamentos feitos a partir do canabidiol.
Em alguns casos, paciente ou seus responsáveis legais tiveram de
recorrer à Justiça para conseguir importar o remédio. Foi o caso dos
pais de Anny de Bortoli Fischer, de 6 anos, portadora de uma forma
rara de epilepsia. Há um ano ela tomou a primeira dose de
canabidiol.
"Até então eu tinha como que uma boneca incapaz de fazer qualquer
coisa. Ela só comia se a ajudássemos a engolir. Agora está quase
voltando a andar e há oito meses não sofre uma crise convulsiva. Foi
uma mudança milagrosa", disse Norberto Fischer, pai da criança, à
Agência Brasil.
O Conselho de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) já autorizou
médicos que atuam no Estado a receitar, mediante consentimento do
paciente ou seu responsável legal, o canabidiol para tratar
epilepsias graves em crianças que não reagiram bem a tratamentos
convencionais.
"Quando um conselho de ética se pronuncia neste sentido, liberando o
uso terapêutico da substância, acaba por fazer que as pessoas
repensem (preconceitos)", disse Mauro Aranha, vicepresidente do
Cremesp.
Agora, o CFM estuda estender a decisão para todo o país. A Anvisa
aprovou 168 dos 208 pedidos de importação de remédios com canabidiol
nos últimos meses, informou o diretor-presidente da agência
governamental durante reunião do Conselho Nacional de Políticas
sobre Drogas nesta quarta-feira (12).
"É preciso que fique claro que não estamos discutindo o uso
recreativo da maconha. Nem sequer a possibilidade de uso terapêutico
da maconha", afirmou. Segundo ele, não há evidências de que o
canabidiol, mesmo sendo um derivado da maconha, cause efeitos
alucinógenos ou psicóticos e dependência.
Na reunião do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, dois pais
que decidiram tratar seus filhos com remédios à base de canabidiol
pediram mais agilidade do Estado na liberação da importação dos
remédios.
“Obter da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] a
autorização para importar o canabidiol é muito complicado, mas não é
a única dificuldade que enfrentamos”, disse o médico mastologista,
Leandro Ramirez da Silva. Seu filho Benício, de 6 anos, é portador
da síndrome de Dravet, uma forma grave de epilepsia.
Segundo ele, falta a Anvisa e a Receita Federal, que libera os
remédios importados nos aeroportos, se entenderem. Outro problema é
o alto custo da importação. Uma única ampola de 10 gramas, que dura
em médio dois meses e meio, pode custar entre US$ 350 e US$ 500.
Sobre esse valor incidem impostos de até 60%.
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