PREVENÇÃO

O Brasil está passando por um processo de envelhecimento e com isso, vem ocorrendo uma mudança no perfil das doenças. Nos países desenvolvidos, essa transição foi mais gradual, enquanto nos países em desenvolvimento ela ocorreu de forma mais rápida. Enfrentamos uma polarização epidemiológica ou uma dupla carga de doenças, ou seja, temos um predomínio das condições crônicas, embora ainda exista uma carga significativa de condições agudas. Por conta disso, o sistema de saúde não se preparou para esse processo, ele ainda está organizado na lógica das condições agudas, com pouco preparo para receber a população idosa, com condições que requerem um cuidado diferenciado.

A constituição de uma rede de assistência à saúde bem estruturada, que funcione de maneira adequada, garantindo o acesso da população ao sistema de saúde e permitindo um cuidado humanizado e de qualidade, é um dos desafios a serem enfrentados. Para conseguir isso, é fundamental o fortalecimento da atenção primária, que tem o papel de coordenação dessa rede. É essencial que se realizem ações de prevenção e promoção da saúde.

Além disso, é necessária a organização da rede hospitalar, com o estabelecimento de unidades preparadas para lidar com as condições crônicas através do desenvolvimento de estratégias que permitam o melhor aproveitamento dos leitos, o cuidado prestado por equipe multiprofissional, a ampliação da discussão sobre os cuidados paliativos e o serviço de atendimento domiciliar, buscando uma desospitalização segura.

No Ceará, a organização da saúde em microregionais, com a descentralização do cuidado na capital é um ponto de destaque no cenário nacional. Vale ressaltar que a melhoria do cuidado e o acesso da população a procedimentos de maior complexidade com a criação de três hospitais regionais, está conseguindo distribuir melhor a população do interior que antes só tinha como referência os hospitais de Fortaleza.

Para oferecer um serviço de saúde com qualidade, é preciso centrar o trabalho no paciente com foco na segurança. Os processos devem ser gerenciados com indicadores que mostrem a eficiência do nosso processo assistencial, estabelecendo metas a serem cumpridas e promovendo melhorias para alcançá-las. A expectativa é de que no futuro, a saúde esteja voltada para as necessidades do cidadão e que promova o cuidado adequado, integral e seguro.

Fernanda Netto

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Diretora Geral do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara