Estudo
brasileiro sugere manteiga enriquecida para tratar Alzheimer
Alimento modificado aumenta
atividade de enzima vinculada à memória.
Pesquisa foi feita por equipe da USP e publicada em revista
científica.
Publicado em: 15/07/2015
O consumo de manteiga enriquecida com
um tipo especial de ácido graxo extraído do leite ajuda no
tratamento de pacientes na fase inicial do Alzheimer, indicaram
pesquisadores brasileiros em um experimento realizado com ratos de
laboratório.
As provas demonstraram que uma dieta rica nessa manteiga modificada
aumenta a atividade de uma enzima vinculada à memória e reduz os
danos provocados pela doença nesta função, segundo um comunicado da
Universidade de São Paulo (USP), responsável pela pesquisa.
Os resultados do projeto, conduzido pelos pesquisadores do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, foram destacados na
última edição da revista científica internacional "Journal of Neural
Transmission".
Segundo os pesquisadores, o chamado ácido linoleíco conjugado, um
ácido graxo que pode ser extraído das gorduras dos lácteos, ajuda o
organismo a elevar a atividade no cérebro da fosfolipase A2, uma
enzima com ação sobre a memória.
Metabolismo alterado De acordo com os responsáveis pelo projeto, a
enzima atua diretamente sobre as gorduras que constituem as
membranas celulares, que, entre outras funções, ajudam na formação
da memória. Em pacientes saudáveis estas membranas são flexíveis e
se renovam periodicamente, mas nos portadores de Alzheimer são
rígidas, o que dificulta a liberação dos ácidos graxos, além de não
serem substituídas na mesma velocidade.
"Vimos que a ação desta enzima é alterada nos pacientes com
Alzheimer, por isso começamos a analisar como poderíamos alterar o
metabolismo da fosfolipase A2 nestes pacientes", explicou a chefe do
Laboratório de Neurociências da USP, Leda Talib, que coordenou o
projeto. Os experimentos com ratos, que começaram a ser realizados
há cinco anos, mostraram que o tratamento é eficaz em pacientes no
estágio inicial da doença, mas os pesquisadores tentam estabelecer
se também pode prevenir o Alzheimer.
"Quando os sintomas começam a aparecer é porque a doença já está
estabelecida. Não sabemos em que momento ela começa, mas vamos
investigar para estabelecer se o tratamento também pode ser
preventivo", disse. Talib acrescentou que ainda serão realizados
outros experimentos com ratos para descobrir os efeitos colaterais
da dieta rica em manteiga modificada antes de iniciar a fase de
testes clínicos com humanos. "Precisamos saber se essa dieta pode
provocar danos na saúde", esclareceu.
Estima-se que existam 44 milhões de pessoas vivendo com a doença em
todo o mundo, número que deve triplicar até 2050. A enfermidade
ataca o cérebro "silenciosamente" por mais de uma década antes que
os sintomas surjam. Geralmente, o Alzheimer pode apresentar sintomas
a partir dos 65 anos. Idosos com idade a partir de 75 anos fazem
parte do grupo de pessoas que mais podem ser afetadas pela doença.
Pessoas que tiveram depressão ao longo da vida correm um risco maior
de desenvolver Alzheimer quando mais velhos. Diabéticos também têm
mais chance de serem afetados, principalmente pacientes com diabetes
tipo 2.
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