Publicado em: 06/10/2014
Fonte:
http://www.jb.com.br/ >Jornal do Brasil > Rafael
Gonzaga
Começou no dia 1º de outubro o
movimento chamado “Outubro Rosa” como forma de conscientizar a
população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de
mama, segundo tipo mais frequente no mundo, respondendo por 22% de
casos novos a cada ano. Apesar da relevância do assunto, muita gente
acaba não sabendo de novidades no tratamento do câncer de mama, como
o medicamento chamado Kadcyla, que pode estender a vida das
pacientes e causar menos efeitos colaterais, como queda de cabelo e
diarreia. Desde janeiro deste ano o medicamente foi aprovado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e já está
disponível no Brasil.
No Brasil, por conta de a doença acabar só sendo diagnosticada em
estágios avançados, as taxas de mortalidade por câncer de mama se
mantém elevadas. Na população mundial, a sobrevida média após cinco
anos atinge de 61%. Segundo o oncologista Ricardo Teixeira, da
Clínica Oncohemato, já existem medicamentos novos para o tratamento
do câncer e os mais recentes são os chamados Herceptin, o Perjeta e
o Kadcyla. “O uso desses três medicamentos mudou por completo o
perfil das pacientes portadoras do carcinoma de mama HER2-positivo”,
aponta.
O carcinoma de mama HER2 é uma das formas que o câncer de mama pode
se manifestar. De acordo com Teixeira, os quatro tipos principais o
são o HER2 positivo, o HER2 negativo, o receptor estrogênico
positivo e o receptor estrogênico negativo. “Além desses, existe uma
forma que é considerada a mais grave, o chamado carcinoma de mama
triplamente negativo, um problema especial que atualmente não possui
medicamento. O único tratamento é a quimioterapia”, explica.
Teixeira explica que a recomendação que existe no Brasil é de que a
mamografia seja feita a cada dois anos em mulheres de 50 a 69 anos –
e a partir daí a periodicidade aumenta. Segundo o oncologista, no
restante do mundo, a maioria dos programas de rastreamento recomenda
que a mulher faça o exame anualmente a partir dos 40 anos. “No
Brasil, acaba sendo diferente por motivos econômicos, as autoridades
sanitárias não acreditam ter suporte financeiro para aguentar a
demanda”, acredita.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer da
mama é o que mais acomete as mulheres ao redor do mundo. O risco
estimado pelo instituto é de 52 casos a cada 100 mil mulheres. Sem
considerar os tumores da pele que não são melanomas, o câncer de
mama é o tipo mais comum entre as mulheres de quatro das cinco
regiões brasileiras: Sudeste (69/100 mil), Sul (65/100 mil),
Centro-Oeste (48/100 mil) e Nordeste (32/100 mil). Na Região Norte,
é o segundo tumor mais incidente (19/100 mil), ficando atrás do
câncer do colo do útero (23/100 mil).
Durante o Outubro Rosa, a ideia é incentivar mulheres a superarem o
medo na luta contra a doença: o medo. Estudos científicos apontam
que a maioria das mulheres teme uma sentença de morte ao realizar os
exames, quando a mamografia na verdade auxilia o diagnóstico precoce
– o que aumentaria as chances de sucesso do tratamento em 95%. Além
da faixa etária, outros fatores também estão relacionados ao
surgimento do câncer de mama, como hereditariedade, alta densidade
da mama e problemas associados ao ciclo reprodutivo da mulher.
O médico sanitarista e epidemiologista Arn Migowski, da divisão de
detecção precoce e apoio à organização de rede do Inca, explica que
existem fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher que podem
aumentar o risco de câncer, como distúrbios hormonais. Segundo o
especialista, terapias de reposição hormonal também aumentariam os
riscos relacionados à doença. “Quanto mais longa a duração da
reposição hormonal, maior seria o risco. Mulheres que têm filhos
mais tarde e mulheres que não têm filhos tem maior risco de
desenvolver câncer de mama. Na verdade, quanto maior o número de
filhos, menor será o risco e quanto mais tempo a mulher permanecer
amamentando, mais protegida do câncer ela fica.”
Síndrome metabólica e outros fatores
A síndrome metabólica, que é na verdade um conjunto de fatores de
riscos metabólicos, já é alvo de diversos estudos que apontam uma
relação direta com o câncer de mama. A obesidade abdominal, a
hipertensão arterial e a glicose alta são exemplos da síndrome que
causa uma resistência insulínica nos indivíduos, que ocorre quando a
ação normal da insulina está prejudicada. Nos últimos anos, a
relação da síndrome metabólica com o câncer de mama vem sendo muito
estudada. “É consagrado que a obesidade, que faz parte da síndrome
metabólica, realmente tem uma associação comprovada com maiores
riscos de câncer”, explica Migowski.
Em relação a outros fatores de risco, muitas pessoas acreditam que
se a mãe ou a avó tiverem câncer de mama, suas filhas e netas terão
também. Migowski explica que não é exatamente assim. “O impacto real
é de 5% a 10% de casos, com relação clara de hereditariedade. Se for
um caso isolado na família só, não é algo tão sugestivo. O que vai
chamar atenção é se são vários casos no mesmo ramo da família,
materno ou paterno, ou se a mãe da pessoa teve o câncer antes dos 50
anos, o que não é comum. Câncer de ovário, que já não é tão comum,
também é um sinal de alerta para a possibilidade de haver
hereditariedade”, explica.
Sobre o autoexame para prevenir o câncer de mama, o especialista
explica que no final da década de 1990, estudos mostraram para uma
ausência de impactos da técnica na mortalidade e o ensino da técnica
do autoexame começou a ser desestimulado. Atualmente, o que as
mulheres entenderiam como autoexame seria um conhecimento maior do
próprio corpo. “O que é preciso é a conscientização, ou seja, que a
mulher conheça o aspecto da sua mama e os sinais de alerta para o
câncer. Na Inglaterra, a taxa de mulheres que identificam o câncer
de mama chega a 70%. Existem sinais de alerta em que a mulher deve
saber identificar para posteriormente buscar auxílio médico”,
explica.
Migowsi explica que, em geral, o que chama mais atenção são nódulos
que perduram e que não têm relação com o ciclo menstrual. Se a
mulher perceber um nódulo fixo e endurecido, também pode ser sinal
de um tumor maligno. Outros sintomas menos comuns também merecem
atenção. “Pode acontecer a descarga papilar, que é secreção saindo
do peito. Se for espontâneo, só de um dos lado, transparente ou
tiver traços de sangue é mais suscetível ainda de ser câncer. Não
quer dizer que seja, mas são sinais de alerta”, enumera.
Outubro Rosa
Em função do Outubro Rosa, a Secretaria de Estado de Saúde elaborou
uma série de ações para ressaltar a importância da prevenção e do
diagnóstico do câncer de mama. Portanto, para lembrar da importância
do combate à doença, o prédios do Rio Imagem, no Centro do Rio,
ficará iluminados de cor de rosa ao longo de todo o mês. Além dele,
o Hospital Estadual da Mulher, Hospital Estadual da Mãe e Hospital
Estadual dos Lagos, respectivamente em São João de Meriti, Mesquita
e Saquarema também serão iluminados durante todo o mês.
Não serão apenas hospitais que ficaram iluminados. Também durante
todo o mês, a Ponte em Arco do Metrô Rio ganhará iluminação rosa.
Nos dias 04, 08 e 09 de outubro, o Maracanã irá se colorir pela
campanha e antes das partidas pelo Campeonato Brasileiro de Futebol,
mensagens chamando atenção para o tema serão exibidas em uma faixa
no campo e nos telões do estádio. No dia 10, o Cristo Redentor,
principal monumento da cidade, receberá a iluminação rosa.
Ainda na programação de eventos para marcar o Outubro Rosa, crianças
do Coral Orquestra de Cordas da Grota irão se apresentar em todas as
quartas-feiras do mês no Rio Imagem. No Rio de Janeiro, a Secretaria
de Estado de Saúde ampliou a faixa etária recomendada para a
realização de mamografias, incentivando o exame bienal entre 40 e 49
anos e anualmente depois dos 50 anos – 10 anos a menos em relação à
idade sugerida pelo Ministério da Saúde. Para mulheres com histórico
familiar de câncer, a recomendação é que esse grupo receba
acompanhamento médico e faça mamografia anualmente a partir dos 35
anos.
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Consulte nos links abaixo,
informações detalhadas das operadoras de Planos de Saúde: