Substância
retirada de árvores do ipê pode ajudar a tratar leucemia
A descoberta pode levar à criação de
fármacos específicos para o tratamento de diferentes tipos de
leucemias; o trabalho foi publicado na revista científica
"European Journal of Medicinal Chemistry"
Publicado em: 05/09/2014
Fonte:
http://www.otempo.com.br/ > Agência Estado
DA REDAÇÃO
Uma substância derivada de árvores do ipê pode ser o caminho para o
tratamento de leucemias - diferentes tipos de câncer que afetam os
glóbulos brancos, células responsáveis pelo sistema de defesa do
organismo. Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e
da Universidade Federal Fluminense (UFF) identificaram três
moléculas capazes de atuar sobre glóbulos brancos cancerígenos, sem
afetar as células saudáveis. A descoberta pode levar à criação de
fármacos específicos para o tratamento de diferentes tipos de
leucemias. O trabalho foi publicado na revista científica "European
Journal of Medicinal Chemistry".
Os pesquisadores criaram as moléculas da união do núcleo das células
de outras duas substâncias e as testaram em quatro linhagens
diferentes de leucemia, duas de linfoide aguda, mais comum em
crianças e com prognóstico melhor; e duas de mieloide aguda, mais
rara, mas responsável pelos casos mais graves. Dos 18 compostos
criados, 3 se mostraram mais potentes e com seletividade maior -
atacaram as células cancerígenas e, em menor grau, as células
saudáveis. E, principalmente, tiveram comportamento diferenciado em
relação às linhagens de leucemia. Uma delas se mostrou 19 vezes mais
potente sobre células de leucemia linfoide do que sobre as de
leucemia mieloide.
"É a primeira vez que se investiga as moléculas oriundas dessa
estratégia de junção de núcleos em diferentes linhagens de leucemia.
E o mais importante é conhecer esse perfil de atividade de acordo
com a linhagem. A leucemia é um dos tipos de câncer que mais afetam
crianças e por trás da palavra leucemia se esconde uma grande
diversidade de doenças. O grande problema da terapia é a falta do
medicamento específico para cada tipo de leucemia", afirma o
farmacêutico Floriano Paes Silva Junior, chefe do Laboratório de
Bioquímica de Proteínas e Peptídeos do IOC.
As moléculas foram preparadas pelo grupo coordenado pelos
pesquisadores Fernando de Carvalho da Silva e Vitor Francisco
Ferreira, da UFF, com base no núcleo das células de duas
substâncias. Uma delas é derivada de um produto natural extraído do
ipê. Esse núcleo pertence à classe química das quinonas. "O que nós
queremos é matar as células malignas, mas as quinonas costumam ter
baixa seletividade, ou seja, matam também as células saudáveis",
disse Silva Junior.
Os cientistas combinaram, então, o núcleo da quinona com o de outra
molécula, chamada triazol, que tem a capacidade de atingir somente
as células cancerígenas. Silva Júnior ressalta que esse é o
"primeiro passo" para a criação de um fármaco. Mas testes e análises
ainda devem levar pelo menos dez anos.
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