Das
400 mil espécies de plantas que existem, cerca de 300 mil são
comestíveis. Destas 300 mil, consumimos cerca de 200.
Publicado
em: 17/08/2015
No começo do século 20, feiras de
aberrações atraíam multidões de curiosos nos EUA e na Europa,
reunindo de engolidores de espadas, mulheres tatuadas e dançarinas
burlescas a bebês prematuros expostos em urnas de cristal.
Na feira Luna Park de Coney Island, em Nova York, estes "bebês de
incubadora" faziam parte de uma exposição cuja entrada custava US$
0,25.
A exposição foi aberta em 1903 e se continuou em cartaz por 40 anos.
Mas, por trás das estranhas urnas havia mais do que um homem de
negócios: o doutor Martin Couney, um neonatologista pioneiro que
oferecia a pais desesperados uma alternativa inovadora, quando os
hospitais consideravam seus bebês desenganados. Era este dinheiro
dos visitantes que financiava o trabalho gratuito de Couney.
Um médico fora do sistema
O médico se formou na Alemanha e mais tarde estudou em Paris com o
doutor Pierre Budin, pioneiro na teoria das incubadoras fechadas,
projetadas para manter o calor dos bebês e protegê-los dos germes.
Apesar dos resultados positivos, as técnicas de Couney e Budin não
se encaixavam no receituário da maioria dos hospitais da época.
Segundo conta Jeffrey P. Baker em um artigo sobre a história das
incubadoras, Couney se queixava de ser visto como simples
empresário, já que foi o "salvador" de milhares de crianças.
Ele afirmava que fazia "campanha pelos devidos cuidados aos
prematuros".
Na prática, afirma Baker, as exposições de bebês prematuros no
começo do século 20 ofereciam um tecnologia para cuidados médicos
que nenhum hospital da época possuía.
Nas mostras, os bebês eram atendidos por médicos e enfermeiras que
se revezavam em turnos.
O próprio doutor estimou ter mantido vivos entre 1903 e 1943 cerca
de 7,5 mil dos 8,5 mil prematuros que passaram por suas incubadoras
de exposição.
Um destes bebês sobreviventes é Beth Allen, que nasceu prematura em
1941, com uma irmã gêmea que não sobreviveu ao parto.
Foi o pai de Beth que registrou o trabalho de Couney em fotografias.
É ela que aparece nos braços do próprio doutor Couney, na foto que
ilustra o alto desta página.
Em entrevista à agência de noticias AP, Allen contou que a sua mãe a
princípio não queria pôr a filha em uma das incubadoras de Coney
Island, mas foi convencida pelo pai.
A mulher, que hoje tem 74 anos e mora em Nova Jersey, considera
assustador o espetáculo de prematuros, algo impensável hoje em sua
opinião.
"Quanto mais envelheço, mais aprecio a oportunidade que me foi dada
para estar aqui hoje falando com você e para viver a vida
maravilhosa que tive", afirmou.
'Acho que pesava apenas uns 900 gramas'
Lucille Horn, nascida em 1920, é outro bebê prematuro que sobreviveu
graças às mostras de prematuros.
"O meu pai me disse que eu era tão pequena que eu cabia na palma da
sua mão", afirmou à própria filha em uma entrevista para o projeto
StoryCorps, uma iniciativa americana de registro de histórias
pessoais em áudio.
Acho que pesava apenas uns 900 gramas, e não podia sobreviver por
conta própria, era muito frágil", diz ela na gravação.
Lucille também tinha uma irmã gêmea que morreu no parto. No
hospital, não lhe deram a menor esperança de vida.
Mas ela conta que o pai não se deu por vencido: envolveu a criança
numa toalha e a levou num táxi até Coney Island, onde o doutor
Couney mantinha a exposição de prematuros.
E ali Lucille passou seis meses.
A hoje nonagenária afirma que quando era adolescente voltou à feira
de aberrações para ver os bebês. E decidiu se apresentar ao doutor
Couney ao vê-lo.
"Havia um homem em frente a uma incubadora olhando para o seu bebê,
e o doutor Couney se aproximou e o tocou no ombro", relembra
Lucille.
"Olhe esta jovem, é um de nossos bebês. E é assim que o seu bebê irá
crescer", afirmou o médico ao pai agoniado, segundo a sobrevivente.
Popularização demorada
A invenção da incubadora em 1880 alimentou décadas de entusiasmo
popular e médico, mas o desenvolvimento da tecnologia foi lento nos
50 anos seguintes.
Um artigo publicado em 2000 na revista especializada Journal of
Perinatology aponta que é importante considerar esta história não
apenas pelo lado tecnológico, mas sob a perspectiva da
responsabilidade em relação ao recém-nascido, e como esta foi sendo
transferida das mães aos obstetras e, depois, aos pediatras.
O doutor Couney morreu em 1950, pouco depois da popularização das
incubadoras nos hospitais.
Atualmente, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 15 milhões
de prematuros nascem por ano – são prematuros os nascimentos
registrados antes da 37ª semana de gestação, das 40 de praxe.
Cerca de um milhão desses bebês não sobrevive. E muitas destas
mortes podem ser evitadas mantendo apenas o calor dos bebês.
A temperatura do corpo de um bebê cai logo que ele deixa o ambiente
controlado do útero materno. Por isso é importante regular a sua
temperatura após o parto.
Ocorre, contudo, que prematuros possuem pouca gordura corporal, daí
a capacidade reduzida de controlar a própria temperatura – e a
importância do experimento do dr. Couney.
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informações detalhadas das operadoras de Planos de Saúde: